Concerto no Sesc Sorocaba exalta o talento de Vinícius Dorin

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Show terá arranjos que foram apresentados uma única vez pelo saxofonista, falecido em 2016

Reconhecido no meio musical como um dos mais geniais improvisadores do Brasil e do mundo, o saxofonista Vinícius Dorin será homenageado por uma Big Band de 17 músicos formada especialmente para o concerto inédito que ocorre hoje, quinta-feira (30), às 20h, no teatro do Sesc Sorocaba. Dorin faleceu em 8 de janeiro de 2016, aos 53 anos.

Apesar da morte precoce, decorrente de complicações de uma cirrose hepática, o saxofonista deixou um vasto legado de solos criativos, surpreendentes e únicos, que estão registrados em vídeos e discos de nomes consagrados da música instrumental brasileira como o multi-instrumentista Hermeto Pascoal, com quem dividiu o palco por 23 anos; a Banda Mantiqueira, o baterista Nenê e o contrabaixista Arismar do Espírito Santo. Além de impressionar e inspirar plateias e instrumentistas de todo o mundo por sua criatividade e virtuosismo, Dorin também era destacado no meio musical por sua generosidade, especialmente com estudantes e nomes promissores da música instrumental.

Idealizado por Cristina Campos, viúva do saxofonista, o show “Vinícius Dorin in Big Band” é realizado pelo Sesc-SP e tem direção musical do pianista, compositor e arranjador André Marques, que ingressou no grupo de Hermeto aos 18 anos de idade por intermédio do amigo saxofonista. “Vinícius era como um irmão para mim. Faz muita falta”, comenta Marques.

Para Cristina, o concerto inédito é “uma premiere”, que tem fôlego para circular por outros palcos Brasil afora, “fazendo jus ao trabalho magnífico do Vinícius”, comenta. Ela detalha que a maior parte dos arranjos que serão tocados hoje foram escritos por Dorin e apresentados ao público uma única vez, em 4 de junho de 2011, em um concerto da Big Band do Conservatório de Tatuí em homenagem ao saxofonista, que fez parte da programação do 18º Festival de MPB — Painel Instrumental, realizado pelo conservatório.

Na apresentação, o público ouvirá os arranjos que Dorin fez para músicas de sua própria autoria, que estão presentes em seu único álbum solo da carreira, o icônico “Revoada”, lançado em 2007. O álbum, disponível nas principais plataformas de música digital, tem participações de André Marques, Hermeto Pascoal, Arismar do Espírito Santo, Nenê, Fernando Correa, Irio Júnior e Enéias Xavier. Um dos momentos mais emocionantes, no entanto, será o tema “Estrela do por do sol”, arranjado recentemente por André Marques, e que contará com um a reprodução de um solo gravado por Dorin. Uma forma de conectar a Big Band e o público à genialidade eterna de Dorin.

Afetividade

Além de André Marques (regência e piano), a Big Band é formada por Márcio Bahia (bateria), Fabio Gouvea (guitarra), Felipe Brisola (baixo), JP Ramos Barbosa, Cesar Roversi, Josué Batista Dos Santos, Dô de Carvalho e Raphael Ferreira (saxofones), Bruno Soares, Daniel D’Alcantara, Diego Garbin, Raphael Sampaio (trompetes), Paulo Malheiros, Fabio Oliva, Jaziel Gomes Narciso e Rosa Garbin (trombones). O time de instrumentista foi escalado por André que, além do alto nível técnico, levou em conta a afinidade construída em projetos anteriores. “A maioria já participou comigo no disco ‘Natureza universal’, de Hermeto Pascoal, então eu já conhecia e sei o quanto esses músicos são maravilhosos”, comenta, referindo-se ao disco de Hermeto com Big Band lançado em 2017, em que atuou como regente, e conquistou o Grammy Latino.

Cristina complementa dizendo que a arregimentação dos membros da Big Band é cercada por aspectos afetivos que farão o show ainda mais especial, já que a história de praticamente todos os músicos se cruza com a de Dorin. É o caso, por exemplo, de Márcio Bahia, que também foi integrante do grupo de Hermeto, e frequentemente era confundido com o saxofonista em virtude das semelhanças físicas. Nas fileiras dos saxofones estão o amigo e ex-aluno JP Barbosa, que substituiu Dorin no grupo de Hermeto e Raphael Ferreira, cuja dissertação de mestrado em música pela Unicamp é sobre a construção do estilo de improvisação de Vinícius Dorin. “É muito especial porque são presenças muito queridas”, acrescenta a idealizadora do show.

Além de ter tocado ao lado de Dorin no grupo de Hermeto, André Marques é fundador Trio Curupira, ao lado dos sorocabanos Fabio Gouvea (baixo e guitarra) e Cléber de Almeida (bateria). O trio, aliás, teve Dorin como uma espécie de “padrinho”, já que o saxofonista foi o responsável por apresentar e indicar Cléber a André e Ricardo Zohio, baixista da primeira formação. “Ele [Vinícius] brincava que era o cupido musical. Realmente ele tinha um olho muito bom para juntar as cabeças musicais”, complementa Cristina. Vinícius Dorin continua juntando cabeças musicais.

Os ingressos para o show, disponíveis até o fechamento desta edição, custam R$ 5 para credenciados no Sesc e dependentes (credencial plena), R$ 8,50 (meia-entrada)e R$17 (inteira). A classificação etária é livre para todas as idades. O Sesc Sorocaba fica na rua Barão de Piratininga, 555, no Jardim Faculdade. Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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