Entre sopros & sonhos

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|formação musical| Orquestra de Sopros de Pindoretama comemora duas décadas em 2019 compartilhando sonhos e sons entre jovens músicos, professores e o público

Pontes sobre riachos, grandes carnaúbas, animais pastando, barracas à beira da estrada que vendem mangas e seriguelas e, avistando um pouco mais ao longo da Rota do Sol Nascente (CE-040), algumas dunas nos indicam que estamos no caminho para o litoral leste. Entre Aquiraz e Cascavel, encontramos o município de Pindoretama, com seus estimados 20 mil habitantes e localizado a 53 km de Fortaleza.

A “Capital da Rapadura” nos dá as boas-vindas com os sons que ecoam das salas da casa que fica na rua detrás da Igreja Matriz. É a Orquestra de Sopros de Pindoretama, mantida com os esforços e talentos de jovens vindos da Escola de Música de Pindoretama, que existe ali criando novos ares e desbravando o mundo.

Arley França, fundador da Orquestra, conquistou os primeiros alunos há exatos 20 anos. Ele compartilha que tinha um sonho de mudar a vida das crianças e adolescentes que trabalhavam nos engenhos de cana-de-açúcar existentes na região. Sem recursos, sem apoio, desconhecido na cidade, apenas com o desejo de oferecer um novo futuro para os jovens que ele encontrou ainda quando tocava em uma banda profissional de Fortaleza e percorria diversos lugares.

“Eu quero fazer com vocês uma orquestra que irá rodar o mundo”, assim ia Arley, de porta em porta, nas salas de aula divulgando essa empreitada. Entre o que foi conquistado, já fizeram cinco viagens internacionais – Alemanha em 2002, 2006 e 2014, Noruega em 2010 e Estados Unidos em 2013 – além de incontáveis jornadas no Ceará e pelo Brasil. O maestro conta que desejava para essas crianças as mesmas conquistas que um dia ele alcançou: “quando adolescente eu tive a oportunidade de tocar na Europa, essa experiência transformou a minha vida. Eu pude me desenvolver como indivíduo e percebi que o meu esforço iria me levar para muitos lugares”.

Em duas décadas de existência, mais de mil alunos passaram pela Orquestra, seguindo carreira na música ou não. Atualmente, ela conta com 250 alunos matriculados na Escola e divididos em turmas pela manhã e à tarde. Outros 50 tocam no grupo principal da Orquestra de Sopros. Participar e ver o amadurecimento daquelas crianças, que talvez não pudessem ter outra oportunidade de mudar a vida senão pela música, foi a justificativa suficiente para que Arley mantivesse vivo aquele sonho que teve jovem, aos 20 e poucos anos.

Flautas, clarinetes, saxofones, eufônios, trombones, trompas, trompetes e tubas. Crianças e adolescentes de 10 a 16 anos, ingressam na Escola e passam cerca de três meses praticando as primeiras notas com o uso da flauta doce – instrumento importante para a inicialização musical -, ao mesmo tempo em que aprendem as noções de leitura de partitura. “Em seguida, eles partem para a prática instrumental, no qual escolhem o instrumento que irão tocar por seis meses, até se adaptarem e terem como instrumento definitivo”, explica Adriano Martins, professor da Escola e especialista em Educação Musical pela Faculdade Darcy Ribeiro.

Com o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Pindoretama, além do apoio cultural da Enel, a Orquestra de Sopros de Pindoretama sobrevive, principalmente, devido aos sonhos dos alunos e do sentimento de orgulho que a população da cidade possui. “A comunidade se vê naquelas crianças, eles reconhecem que a Orquestra é uma instituição importante para o desenvolvimento do município”, finaliza o diretor artístico. Para celebrar os 20 anos de história, a Orquestra planeja percorrer as cidades do Nordeste levando a alegria e os sons dos jovens de Pindoretama.

Fonte: O Povo

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