João Carlos Martins em Boa Vista: “Esta cidade me enche de esperança”

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Boa Vista/RR, a cada dia, tem se tornado polo de transformação social, com fins de se tornar a melhor capital em qualidade de vida do país. E isso se reflete também no campo das artes, algo que ficou evidente neste sábado (15) com a vinda do maestro e pianista João Carlos Martins. Através do projeto Orquestrando o Brasil, apresentado em concerto na Praça Fábio Marques Paracat, a cidade ganha mais destaque por ser uma das poucas a investir em capital intelectual e artístico.
O projeto do maestro tem um foco especial: reconhecer e desenvolver talentos da música, oportunizar qualificação e difundir a cultura musical em todo o país (e até fora). Para isso, é feito um mapeamento de todas os projetos sociais na área da música – orquestras, coros, trios, quartetos, etc. – para a criação de uma plataforma didática e informativa.

João Carlos Martins chegou a Boa Vista na sexta-feira (14). Após conhecer o trabalho do Instituto Boa Vista de Música, o maestro visitou um dos 11 abrigos de refugiados venezuelanos geridos por meio da Operação Acolhida, do Exército Brasileiro, o Rondon 3. Este é o maior de todos, onde são atendidos cerca de 1000 refugiados. Ao se deparar com a realidade vivida pelos imigrantes, muitos deles, com grande talento para as artes, o maestro viu que é em Boa Vista que o trabalho deve ter uma ênfase maior.

O maestro falou com as famílias de refugiados, brincou com as crianças e se apresentou a uma plateia de pessoas esperançosas por uma vida melhor, longe da crise social e política que assolou seu país de origem. Em um momento muito especial, João Carlos Martins, acompanhado do violinista venezuelano Rafael Dommar, interpretou o Hino Nacional Brasileiro e o Hino Nacional da Venezuela.

O Projeto 
A proposta do “Orquestrando o Brasil” é oferecer capacitação para regentes e músicos, além de divulgação e apoio de espetáculos. O projeto já reúne atualmente mais de 500 grupos de todo o país, com objetivo de alcançar mais de 1.000.
“O Orquestrando o Brasil é o legado que pretendo deixar. Quero ajudar os milhares de grupos espalhados pelo país a evoluírem artisticamente, ampliando sua atuação e conquistando novos públicos. Queremos democratizar a música clássica no Brasil”, foi a mensagem de João Carlos Martins.
E a vinda do maestro a Boa Vista foi justamente com esse tom: apresentar o projeto aos produtores culturais, regentes, professores e estudantes de música. É preciso aumentar a atuação de cada um deles, estabelecer estratégias e aplica-las da melhor forma, com ênfase em um trabalho que envolva não apenas brasileiros, como também os imigrantes e refugiados.
Já no sábado (15), o primeiro encontro foi no Teatro Municipal de Boa Vista, onde João Carlos Martins teve uma boa conversa com a comunidade musical boa-vistense. Recém-formada em Licenciatura em Música, pela Universidade Federal de Roraima, Victória Luna esteve no primeiro encontro com o maestro no teatro, onde teve a oportunidade de estar entre o coro regido por ele. Além disso, a história de vida dele serve de inspiração para jovens, como ela, permanecer em dedicação no mundo da música.
“Para mim foi uma experiência maravilhosa. O ‘Orquestrando o Brasil’ é um projeto maravilhoso. Ter a oportunidade de ter sido regida por um dos grandes nomes da nossa música brasileira e do mundo e poder conhecer um pouco da história de vida do maestro João Carlos Martins é algo gratificante. Pude, pessoalmente, dizer a ele que a história de superação dele me inspira bastante a continuar na música”.
O ponto alto da passagem de João Carlos Martins a Boa Vista foi o grande concerto na Praça Fábio Paracat, reunindo cerca de 170 músicos, a maioria jovens musicistas que compõem os projetos sociais do Instituto Boa Vista de Música (IBVM), como Orquestra de Câmara, Orquestra Infantojuvenil, Banda Juvenil, Coral Infantil do IBVM, além do Coral Cênico da Fetec e alunos do curso de Música da Universidade Federal de Roraima.
No repertório, os músicos entoaram canções regionais, como Makunaimando, de Neuber Uchôa e Zeca Preto, além de temas de filmes e animações, como Aladdim. O momento mais emocionante foi a participação do próprio maestro, interpretando ao piano com as orquestras o clássico Ária da 4ª Corda (J. S. Bach), e na regência de todos os grupos, na obra Jesus, alegria dos homens, também de Bach.
Importante ressaltar que o maestro não tocava com tamanha desenvoltura há mais de 20 anos, devido a uma doença degenerativa que impediu-lhe os movimentos das mãos. Porém, há poucos meses, uma luva biônica o fez voltar à condição de seus tempos áureos, o que garantiu aplausos, lágrimas e muita esperança por parte da plateia. Ao final de sua estadia por Boa Vista, João Carlos Martins deixou claro seu sentimento: Boa Vista está no rumo certo, em se tratando de investimento e fomento à cultura.
“Tudo o que vi aqui nesta cidade me enche de esperança, pois tive o prazer de conhecer tantos talentos que com toda a certeza vão despontar Brasil à fora. Posso dizer, dentro dos meus 60 anos de experiência, que Boa Vista está no caminho certo, sendo o melhor lugar para uma criança iniciar na musicalização”, disse.
Fonte: Portal Boa Vista
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