Ospa 70 anos: mesmo com festa adiada, orquestra vive grande momento

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Reportagem revê o passado e projeta o futuro de uma das principais sinfônicas do Brasil

A temporada de 2020 tinha tudo para ser perfeita para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). Vivendo um dos momentos mais auspiciosos de sua história, o conjunto tinha agendada uma programação especial para celebrar seus 70 anos de atividades ininterruptas.

O concerto de abertura, em que a orquestra esteve acompanhada por seu Coro Sinfônico, pelo pianista Alexandre Dossin e por uma seleção de cantores solistas, teve plateia cheia. O público formou uma longa fila para entrar na sala de concertos da Casa da Ospa, seu novo lar há dois anos, enquanto o ator Marcelo Ádams, vestido como Beethoven e com sotaque alemão, cumprimentava os que chegavam (a temporada homenageia os 250 anos de nascimento do compositor).

Mas, poucos dias antes do segundo concerto, marcado para 14 de março, a Ospa, que é uma fundação estadual, suspendeu suas atividades durante 30 dias, seguindo determinação do Palácio Piratini, como parte dos esforços de prevenção ao coronavírus. A decisão pode ser revogada a qualquer momento, mas, caso contrário, significa o cancelamento do aguardado concerto do dia 23 de março, que reproduziria, exatamente 70 anos depois, o mesmo programa da primeira apresentação da história da orquestra, no local onde havia sido realizada, o Theatro São Pedro. Também ameaçado está outro destaque, o espetáculo do dia 29 com Kleiton & Kledir, no Araújo Vianna, comemorando os 40 anos da dupla.

Agora a incerteza dá andamento à temporada da Ospa, que planejou para 2020 a execução das nove sinfonias de Beethoven; um concerto com a renomada violinista japonesa Midori, a estreia de uma obra do compositor, professor e colunista de Zero Hora Celso Loureiro Chaves, também completando 70 anos de vida; um espetáculo popular com a trupe circense Tholl e outro em homenagem ao jazz. A temporada pode ter de ser reestruturada, segundo o diretor artístico Evandro Matté.

No momento, sequer os ensaios estão sendo realizados. Mesmo sem saber quando as atividades serão retomadas, há uma convicção: a Ospa superou a crise que marcou seus 60 anos, em 2010, quando era uma orquestra sem sede, ensaiando em uma sala provisória com problemas de acústica no Armazém A3 do Cais do Porto, com sua Escola de Música para jovens talentos praticamente inativa e prestes a perder uma estrela, o diretor artístico e regente titular Isaac Karabtchevsky, que, frustrado, havia pedido demissão.

Hoje, aos 70 anos, a Ospa é outra orquestra.

Fonte: Gaúcha ZH

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